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PESSOAS: A FORÇA DOS MERCADOS

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Eu acredito em mercados. Dos mercados de rua do bairro aos cobertos, mercados reúnem as pessoas para fazer negócios, se encontrar, ou mesmo para jogar xadrez. No cerne dos mercados estão as pessoas. As pessoas é que são o motor dos mercados. As três feiras de rua descritas neste capítulo são lugares verdadeiramente poderosos e cada um representa um crédito para o florescimento de sua comunidade. Com baixos custos de manutenção e produção para os comerciantes, os preços dos produtos acabam sendo razoáveis para a maioria dos clientes nas suas comunidades.

Três lugares onde sempre houve pessoas, e onde elas imergiram completamente nos seus mercados locais, são descritos abaixo. De Creta para Amsterdã para Buenos Aires. Mercados puros e simples, já há mais de 2.500 anos. Visitar esses mercados é uma verdadeira experiência pessoal.

CRYSTALLO DE MIRES, CRETA, GRÉCIA

Os mais antigos mercados de que se tem registro são os das ágoras de Knossos, Creta e Atenas. Ágora é a palavra grega usada para designar um “lugar aberto para assembleia” e identificada como a área na cidade onde os cidadãos se reuniam para anúncios, campanhas militares ou para discutir política. Depois, mercados ao ar livre ou cobertos redefiniram a ágora como lugar onde os comerciantes e artesãos faziam e vendiam os seus produtos. Em 2013, visitei a feira semanal na cidade de Mires, Creta, com meu companheiro de viagens. Quando dobramos a esquina na direção da entrada do mercado, lá estava uma senhora de mais idade, magrinha, com duas caixas de frutas vazias. Ela estava produzindo e vendendo apoios para copos. Compramos alguns e ela nos deu um bolinho e um copo d’água. Na tarde seguinte, encontramos com ela na rua. O nome dela era Crystallo; ela tinha uns sessenta anos e trabalhava nos mercados no sul de Creta já há muitos anos. No final da estação turística, Crystallo pega a balsa para Atenas para trabalhar nos mercados de lá. Em dado instante, ela nos pediu para vigiar a sua mercadoria por um momento. É claro que o fizemos, e ela voltou, nos dando mais um bolinho e um copo d’água.

A senhora Chrystallo representa para nós os comerciantes dos mercados gregos, que têm uma história de 2.600 anos. Nas representações artísticas dos antigos “Mercados das Ágoras”, as barracas eram simples, da mesma forma como o são as feiras gregas de rua de hoje, com comerciantes vendendo produtos caseiros, assim como Crystallo.

FERIA DE MATADEROS, BUENOS AIRES, ARGENTINA

Todos os domingos, há a Feria de Mataderos no Barrio com o mesmo nome. Mataderos é um barrio no sudoeste de Buenos Aires, completamente diferente dos bairros com estilos europeus, como Palermo, Belgrano e Puerto Madero. O nome Mataderos vem de mercado de gado e dos matadouros. A área sempre foi um ponto importante para o comércio rural, pois que era a primeira parada dos gaúchos na cidade.

Desde 1986, a comunidade comemora cada domingo com a Feria de Mataderos, uma comemoração exuberante da cultura, cozinha e do artesanato gaúchos. A Feira semanal dos domingos se localiza ao longo de dois quilômetros da rua principal, La Defensa. É um evento semanal incrível.

Vagas e garagens de estacionamento flexíveis se tornam tendas da feira, lugares para comer, e mais tarde o palco para músicos, artistas de rua e muito tango. A Prefeitura não cobra pelos locais para a venda de bens, nem pelo espaço para vender, permitindo que os cidadãos locais ganhem para viver. De tortas e bolos caseiros a bens de couro, joias e roupas usadas, se oferece de tudo. Nos horários das refeições, a área inteira torna-se uma grande churrasqueira. E há música tocando em todo lugar e as pessoas dançam espontaneamente. No final da tarde, o mercado está pulsando com pessoas e energia.

Eu estive lá em 2014. A força da Feria como lugar de encontros e negócios é evidente. Falando com os locais, um tema comum é a segurança quando a Feria acaba e os ônibus levam os visitantes embora. Durante a Feria de Domingo, Mataderos é idílico. Porém, ao anoitecer, o lugar fica inseguro. Esse acontecimento semanal em Mataderos é mágico, o espaço torna-se lugar, um destino prazeroso onde as pessoas brilham.

O ‘MERCADO DAPPER’, AMSTERDÃ, HOLANDA

Amsterdã abriga mais de 175 nacionalidades. O mercado Dapper parece atrair todas elas, sejam comerciantes ou frequentadores. Como os outros mercados de Amsterdã, o Mercado Dapper, ou Mercado Mundial, é um mercado de rua. Em seis dias por semana, a rua se transforma de um espaço público em um de mercado muito movimentado. A cada dia, aproximadamente 15.000 pessoas vão ao mercado, o que apresenta 4,8 milhões por ano. São mais pessoas se comparado com os visitantes do Empire State Building em New York.

O bairro Dapper no leste de Amsterdã é um bairro verdadeiramente diverso, e não surpreende que o mercado reflita essa diversidade. Muitas das nacionalidades que vieram para Amsterdã têm genes de comerciantes, então o mercado sempre ganha sangue novo. Em Amsterdã, a Prefeitura gerencia a maioria dos mercados. Em comparação às lojas, as regras e regularizações são muito mais rígidas. Essas regras foram estabelecidas há mais de cem anos, para prevenir violência na abertura dos mercados a cada início de manhã. As pessoas quase se matavam por um lugar melhor, numa esquina ou no centro do mercado na Praça Dapper.

LIÇÕES DOS MERCADOS

Há uma tendência recente de os comerciantes e empreendedores gerenciarem os mercados, dado que os governos não enxergam isso como a sua tarefa principal. Há sucessos, bem como falhas para relatar. Uma boa mistura de grupos de gerenciamento certamente é a chave. É crucial incluir os frequentadores com um papel consultivo no gerenciamento do mercado. Um bom mercado tem uma mistura de produtos e pessoas, e, sobretudo, é um lugar maravilhoso de estar. Mercados bem-sucedidos precisam comunicar o seu sucesso efetivamente. A programação e a comunicação à comunidade também são importantes, usando uma página da internet em vários idiomas, Facebook, e outros tipos de mídia social.

Mataderos prova que, quando a Prefeitura quer e pode oferecer espaço, as pessoas respondem e se aproveitam dessa oportunidade para desenvolver os seus empreendimentos, um primeiro passo na escala social.

O Mercado Dapper prova a cada dia que mais de cem nacionalidades com o objetivo comum de ganhar a vida podem ser bem-sucedidas. O mercado tem efeitos positivos de longo alcance para os que nele trabalham e o frequentam, bem como para a Cidade de Amsterdã como um todo. Aqui a Prefeitura administra o mercado e cobra taxas dos comerciantes. À noite, a Rua Dapper é uma rua de estacionamento pago: renda dupla para a Prefeitura.

TRÊS SUBPRODUTOS DE BONS MERCADOS

Economias locais foram construídas em torno de mercados, que oferecem oportunidades de preço acessível para pessoas que querem começar um pequeno negócio e representaram linhas vitais conectando os consumidores e produtores. Não há outro tipo de espaço público onde se represente tão profundamente a extensão multifuncional de lugar. Mercados atuam como catalisadores para a criação de centros locais que perderam o seu senso de lugar. Com a ajuda do Projeto para Espaços Públicos (Project for Public Spaces, PPS), desenvolvemos uma lista de três subprodutos de bons mercados.

Precisamos preservar esses lugares muito especiais, multifuncionais e o papel que eles exercem na saúde de longo prazo das economias locais. Precisamos apoiar a criação e o gerenciamento dos mercados de todos os tamanhos no mundo inteiro, a fim de reconectar economias e comunidades.

Mercados Vibrantes Reforçam a Identidade Local Mercados não são apenas uma fonte vital de engajamento comunitário. Mercados podem também amplificar os aspectos da cultura local. A ideia de mercado é bastante aberta para os talentos e interesses de uma região. Junto com a indústria, muitas cidades perderam também o seu senso de identidade. A alimentação sempre será a cerne dos mercados, mas todas as outras coisas dependerão das necessidades locais. Por exemplo, a cidade de Detroit é conhecida pela indústria de carros. Um mercado semanal de carros clássicos poderia fortalecer a identidade da cidade e proporcionar um local vibrante para encontros comunitários. Todos os sábados, food trucks poderiam ser instalados num estacionamento com uma fileira de carros clássicos a venda ao longo das bordas. Se os líderes comunitários estiverem abertos para isso, um mercado pode ser tudo.

Conjuntos de Atividades Tornam Mercados Pontos Comunitários Quando alimentação e agricultura têm um papel importante na cultura local, a presença de um mercado é mais fácil de defender. Porém, muitas cidades se desconectaram dos sistemas maiores de produção dos alimentos que as servem e os usos auxiliares se tornaram importantes para a longevidade dos mercados. Isso abre boas perspectivas para lugares. Mercados maravilhosos são criados pelo agrupamento de atividades. Eles requerem uma agregação intencional de produção local de alimentos, mas também de outros serviços e funções. A alimentação é um motivo central para as pessoas se encontrarem, e esses encontros criam um ponto central para a vida comunitária.

Mercados Catalisam o Desenvolvimento do Bairro A maior força dos mercados na economia atual é a de que mercados públicos são motores econômicos substanciais em muitas cidades do mundo. Mercados criam muito espaço para pequenos comércios e desenvolvimentos em escala pequena, oferecendo uma maneira mais “Leve, Rápida, Barata” para apoiar, promover e aumentar a atividade econômica. Toda cidade tem os recursos para produzir alimento localmente – e se um lugar denso como New York pode tornar-se um líder de agricultura urbana, todas as cidades podem. Além disso, o encontro das pessoas, como aspecto de produção social dos mercados, é uma contribuição à resiliência para comunidades urbanas e rurais.

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Mercados podem proporcionar uma experiência fantástica, humana, na cidade ao nível dos olhos. Mercados são a maneira definitiva para as pessoas se encontrarem e fazerem negócios. Cidades cresceram a partir dos Mercados. Pessoas realmente controlam os mercados pelo mundo inteiro. Com e/ou sem regras. Puro e simples.

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