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ZONAS HÍBRIDAS TORNAM AS RUAS PESSOAIS

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA A ZONA HÍBRIDA

A zona híbrida é provavelmente um dos espaços mais visíveis e conhecidos na cidade, porém um dos mais esquecidos e subavaliados também. Um banco ou vasos, plantas e outros objetos pessoais, colocados no que parece ser a calçada, criam uma zona de transição sutil, a zona híbrida. Na maior parte do tempo, você somente notará uma transição súbita do espaço público para o privado – não mantido, não apropriado e não personalizado. Entretanto, a zona híbrida(1) tem um papel importante no estabelecimento de contato e interação entre os moradores da cidade e na criação de um ambiente de rua simpático, acolhedor e atraente.

A zona híbrida tem origem em um conceito holandês do século 15, o stoep holandês (calçada), como resposta dos moradores aos negócios e trânsito crescentes nas suas cidades. Os comerciantes faziam uma plataforma de uma largura de aproximadamente 1,25 metros, elevada em relação ao nível da rua, acessível por escadas com espaço embaixo para armazenamento da mercadoria, para exibir os seus produtos. Nas áreas residenciais, o stoep holandês era uma calçada ornamental privada, para criar distância do trânsito que passava, mas proporcionando um espaço privado para contato social e também para observar a vida pública. Criava um espaço muito distinto entre o público e privado.

ENTENDER A ZONA HÍBRIDA COMO UM LUGAR

A nossa equipe multidisciplinar de pesquisa(2) se propôs a entender porque as zonas híbridas não são consistentemente bem usadas e mantidas. Fizemos uma pesquisa extensiva sobre como os aspectos físicos da zona híbrida impactam o comportamento social. Analisamos todas as 6231 ruas de Roterdã, Holanda, usando o Google Street View. Observações e medições nos mostraram uma zona híbrida bem usada e mantida, (medido pela quantidade de objetos pessoais no espaço) nos casos de uma zona híbrida de 1 a 2 metros de largura. Bairros com mais prédios de apartamentos, habitação para arrendamento, valores mais baixos das moradias e densidades mais altas tiveram menos zonas híbridas bem usadas.

Além dos aspectos físicos das zonas híbridas, é possível verificar aspectos sociais também. Apropriar-se da zona híbrida ou reivindicála traz um certo charme à rua. Ela se torna personalizada e, na verdade, parece que ela pertence a alguém. Esse “pertencimento” tem impacto no ambiente social imediato através da possibilidade de identificação social. A zona híbrida, quando apropriada, permite que as pessoas se avaliem, se relacionem e se identifiquem umas com as outras. Passantes e vizinhos podem especular sobre esse espaço apropriado: essa pessoa tem os mesmos interesses ou atividades (tem um banco ou um brinquedo); eles gostam da mesma música (baseado no som vindo da casa); eles gostam do mesmo tipo de comida (avaliado pelos cheiros)?

Objetos, comportamento, sons e cheiros podem ser todos uma razão para começar uma conversa, de tal modo que as pessoas podem se “conhecer” através da zona híbrida. A identificação social funciona bem para pessoas que moram perto umas das outras, como vizinhos em uma rua ou pessoas morando no mesmo prédio habitacional. Um espaço personalizado pode justamente dar suficiente informação para entrar em contato com um vizinho, que pode prevenir problemas causados pelo fato de que os vizinhos não se conheçam. De fato, 80% dos contatos informais entre residentes de um bairro ocorrem nas zonas híbridas(3). Como esperado, a nossa pesquisa mostrou que as pessoas que se apropriaram das suas zonas híbridas têm mais contato com os seus vizinhos quando eles estão nessas zonas. A zona híbrida contribui para a familiaridade pública. Mais inesperados, todavia, foram os resultados que mostraram que essas pessoas

SENTIR-SE EM CASA NA ZONA HÍBRIDA

Apropriar-se da zona híbrida e personalizá-la é prático e emocionalmente importante. É prático porque as pessoas podem sentar na frente das suas casas, ler o jornal, tomar um café e ao mesmo tempo olhar as suas crianças brincando. É uma parte importante da vida urbana, pleiteada por defensores como Jane Jacobs. Porém, a possibilidade de se sentar fora em um espaço pessoal tem um valor também emocional. Na nossa pesquisa, as pessoas mencionaram que quando elas sentavam fora, os seus sentimentos de pertencimento se expandiam, e faziam com que elas se sentissem seguras na rua. O fato de as pessoas se sentirem “em casa” nas suas zonas híbridas resulta em sentimentos de responsabilidade para com o espaço e os seus entornos(4).

A apropriação da zona híbrida também cria privacidade, especialmente quando a calçada está adjacente à fachada de um prédio. Moradores geralmente reclamam que as pessoas passam demasiadamente próximo das suas casas e tentam olhar pelas suas janelas. A sua resposta é fechar as cortinas, às vezes o dia e a noite inteiros. Através da apropriação da zona híbrida, eles podem criar um amortecedor entre público e privado. Além do mais, oferece às pessoas que passam algo agradável para olhar.

REFERÊNCIAS

1. Machiel van Dorst, professor na Universidade de Delft, o primeiro a mencionar o termo “zona híbrida”

2. Arquiteto Daniel Heussen, planejador urbano Eric van Ulden, socióloga Gwen van Eijk, historiador de arquitetura Wijnand Galema e psicólogo urbano Sander van der Ham

 

3. Skjaeveland, O. & Gärling, T. (1997). Effects of Interactional Space on Neighbouring. Journal of Environmental Psychology, 17, pp. 181-198)

4. Brown B. B. (1979). Territoriality and residential burglary. Artigo apresentado no encontro da Associação Psicológica Americana (American Psychological Association ), New York, NY.

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APROPRIE-SE DA SUA ZONA HÍBRIDA!

Os resultados mais extraordinários da nossa pesquisa demonstraram que a maioria dos moradores não se apropriam das suas zonas híbridas, simplesmente porque não conhecem as regras e as possibilidades da zona híbrida. Há muito que pode ser feito para apoiar e promover o melhor uso da zona híbrida. Por exemplo, prefeituras e grupos comunitários locais podem informar os moradores sobre como eles podem adotar e cuidar das suas calçadas. Não através do isolamento total da vida pública, mas através da extensão da casa, de experimentar um espaço mais personalizado, e melhorar o contato social.

O governo local e os incorporadores têm um papel importante também. Eles devem garantir que há um lugar do qual as pessoas possam naturalmente se apropriar. Por exemplo, em situações existentes, onde é permitido às pessoas retirar 1,5 pedra da calçada para fazerem os seus pequenos jardins. Roterdã, por exemplo, realizou uma campanha bem-sucedida. Em novas situações, incorporadores deveriam reservar espaço onde uma zona híbrida poderia ser criada. Embora a zona híbrida tenha sido descrita principalmente no contexto de áreas residenciais, as conclusões em relação à propriedade e ao embelezamento da calçada se aplicam também aos donos de lojas em áreas comercias.

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