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Existem basicamente dois tipos de centros urbanos: os históricos e os modernos. Centros urbanos históricos, construídos numa era em que ainda não havia carros, tendem a ser lugares bons de caminhar. Cidades modernas são muito mais dominadas por carros, resultando num ambiente menos atraente para pedestres. Roterdã é uma das quatro principais cidades da Holanda e o seu centro histórico foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial. A reconstrução pós-guerra privilegiou principalmente os carros, como em muitas outras cidades no mundo, resultando em ambientes um tanto ruins para caminhar. Nós nos propusemos a analisar esse ambiente e os seus usuários, e esperamos poder formular recomendações para as cidades dominadas por carros no mundo inteiro. Queríamos investigar quais os caminhos que as pessoas realmente tomavam, para obter entendimento das preferências pessoais numa cidade moderna, dominada por carros. Queríamos extrair lições para melhorar o centro urbano, baseadas em experiências e comportamento objetivamente mensurado.
Os nossos resultados ilustraram as rotas pelas quais os usuários caminhavam frequentemente e os destinos que eles visitavam. Os participantes não produziram apenas centenas de trajetórias representando o seu comportamento ao caminhar, mas participaram também ativamente na construção de um mapa rico de experiências; um mapa baseado na sua experiência como usuário ao nível dos olhos. Adicionando essa informação, ficou claro quais ruas foram frequentemente visitadas, porém mostrando ser de pouca qualidade, ou o oposto: espaço público de alta qualidade, porém pouco usado. Baseada nos resultados, a Prefeitura de Roterdã poderia estrategicamente focar-se nos lugares que precisavam de investimento para estimular ruas aconchegantes, bons plinths e uma cidade maravilhosa ao nível dos olhos.
A pesquisa de campo durou quatro dias, no início de maio de 2012. Os pesquisadores ficaram em quatro garagens de estacionamento no centro de Roterdã: Westblaak (BK), Lijnbaan (LB), V&D (VD) e Schouwburgplein (SP). Os visitantes que chegavam de carro e continuavam as suas viagens a pé foram convidados como voluntários da pesquisa de campo. Os participantes carregaram consigo um aparelho com GPS por algumas horas (um dia, no máximo). O aparelho registrou a cada 5 segundos onde eles se encontravam. Um total de 674 visitantes participou da pesquisa, resultando em 585 trajetórias válidas. Adicionalmente, os participantes foram entrevistados e fizeram observações sobre as suas experiências.
Para entender o comportamento de caminhar, distinguimos ‘mover’ e ‘ficar’. ‘Mover’ representava movimentos ativos, enquanto ‘ficar’ representava passar mais tempo num certo ‘destino’ ou exercer uma atividade (fazer compras, comer, etc). Os participantes tenderam a estacionar os seus carros o mais perto possível do seu destino, e muitas vezes tomaram o caminho mais direto possível. A maior concentração de movimentos foi localizada na rua comercial principal (Lijnbaan) e duas grandes avenidas de quatro pistas (Coolsingel e Westblaak) foram barreiras na rede. ‘Ficar’ foi principalmente concentrado perto das grandes lojas.
Avaliamos, também, a qualidade do espaço público conforme ela é experimentada pelos participantes. Depois de passar o dia no centro da cidade, eles foram convidados a mapear as suas experiências. De que lugares eles desfrutaram e porque? Em quais ruas sentiram uma sensação desconfortável e porque? Esses dados ofereceram informação qualitativa sobre a experiência dos visitantes.
Os visitantes marcaram vários pontos como lugares prazerosos, usualmente caracterizados por atividades nas ruas, bares, a vista do horizonte, bom ambiente, variedade de varejo, diversidade de lojas pequenas de especialidades e limpeza das áreas. Infelizmente, o centro da cidade não proporciona uma experiência positiva em todo lugar. Os visitantes marcaram vários pontos como ruas não atraentes ou lugares negativos, geralmente caracterizados por muito tráfego motorizado, falta de verde, áreas vazias e monótonas, ausência de banheiros públicos, travessias perigosas (tráfego), insegurança devido à falta de olhos pela rua (social), pouca diversidade comercial e falta de hospitalidade.
Enquanto o centro urbano de Roterdã oferece muitos espaços urbanos bem aproveitados, atraentes, outras áreas são pouco usadas ou transmitem experiências negativas. Qualificar o espaço público agregando novas áreas verdes ou implantando ruas-sem-carros para reduzir o tráfego motorizado e aumentar a segurança são duas soluções ‘rápidas’. Além disso, adicionar novas funções como lojas de especialidades, parques infantis e co-workings pode diversificar as atividades comerciais na área. Por fim, reparar as ligações quebradas ou ausentes, criando circuitos melhores e aprimorando a acessibilidade dos lugares pouco usados, pode melhorar, também, a esfera pública.
Essencialmente, ruas com alta qualidade do espaço público contêm quatro elementos:
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Discover moreEssa pesquisa foi conduzida na primavera de 2012 no âmbito do curso ‘Urbanism on Track’ (AR0068), encomendado pela Prefeitura de Roterdã, Departamento de Desenvolvimento Urbano, e coordenado e supervisioado por Stefan van der Spek.