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Nairóbi, a cidade capital do Quênia, com uma população de aproximadamente 3,36 milhões de habitantes, é uma das cidades mais proeminentes da África, politicamente e financeiramente. Abrigando milhares de negócios quenianos e mais de cem empresas e organizações internacionais, as sedes de duas agências globais do ONU e várias regionais, Nairóbi é um uma plataforma estabelecida para negócios e cultura.
Nos anos 1990 e no começo dos anos 2000, Nairóbi lutava contra o aumento de crimes e violência e o distrito comercial central se tornava deserto à noite. Em 2001, foi realizado um levantamento da vitimização no centro, mostrando que nos 12 meses anteriores, 37 % dos cidadãos de Nairóbi tinham sido vítimas de roubo. De todos os habitantes de Nairóbi, no centro urbano, 54% se sentiam inseguros durante o dia e 94% durante a noite. Além disso, 72 % de todos os habitantes evitavam se deslocar e trabalhar após o pôr do sol. O vice-prefeito anterior de Nairóbi, Joe Aketch, estava determinado a “virar o jogo” na cidade e criar um polo econômico funcionando 24 horas por dia, apoiado na Visão 2030.
Foi realizada uma caminhada para teste da segurança de mulheres no distrito comercial central, após o pôr do sol, com a participação do vice-prefeito, o Ministro do Governo Local, o Chefe de Planejamento Urbano, o Chefe do Departamento de Ambiente Urbano e alguns outros stakeholders chave. A caminhada teste da segurança abriu os olhos dos tomadores de decisão. Os stakeholders observaram que muitas ruas estavam completamente às escuras e que o todo o comércio ao longo das ruas mais vibrantes estava fechado; cortinas metálicas bloqueavam toda a iluminação na rua. Os restaurantes e bares estavam fechados e somente abrigavam os guardas de segurança e famílias sem teto.
Como projeto piloto, a Prefeitura decidiu pedestrianizar uma das ruas mais movimentadas, com um cinema, livraria, lojas e bares: Mama Ngina Street. A Câmara Municipal deflagrou a discussão com a comunidade empresarial local que era veementemente contra a pedestrianização (o conceito de estabelecer uma rua exclusivamente para pedestres), com o argumento de que seus clientes precisavam de estacionamentos bem próximos à entrada do estabelecimento.
A discussão intensa entre a Câmara Municipal e a comunidade empresarial resultou num compromisso. Juntos, decidiram que, ao invés da pedestrianização plena ao longo da Mama Ngina Street, a rua fosse convertida numa rua de mão única para os carros e que as calçadas de ambos os lados fossem alargadas. Essas mudanças permitiriam mais fluxos e facilidade de movimento. Adicionalmente, bancos foram colocados a uma distância regular entre si em áreas sombreadas, permitindo às pessoas sentarem e usufruírem da rua. A iluminação urbana foi também qualificada para criar mais segurança e melhor percepção dessa segurança no lugar durante a noite.
Uma outra proposta foi a de também oferecer mais espaço para bares, permitindo que os seus clientes ficassem mais na calçada, com a esperança de estimular mais olhos na rua, fazendo com que os passantes se sentissem mais seguros à noite. Infelizmente, os regulamentos da Prefeitura – dos anos 1950 e 1960, não permitiam isso. Muitos dos antigos regulamentos estão ainda em vigor, e muitos atrapalham efetivamente os usos do espaço público. A Câmara Municipal iniciou um processo de revisão dos regulamentos antigos, porém ainda não aprovou nenhuma mudança.
Apesar do retrocesso com os regulamentos, a Mama Ngina Street se tornou um espaço público na cidade, agradável e bem usado. Vários novos bares foram abertos, enriquecendo o programa noturno na rua, cuja vitalidade melhorou drasticamente. As mudanças nos fluxos de tráfego e no espaço das calçadas, somadas à iluminação e o mobiliário urbano, resultaram em uma área vibrante do distrito comercial central. Mais pessoas se encontram, sentam e desfrutam da rua. Hoje é comum ver as pessoas se aglomerarem em uma das esquinas para discutir vários acontecimentos e assuntos atuais, particularmente sócio-políticos.
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Discover moreMesmo com recursos limitados da Prefeitura, as mudanças físicas na rua criaram uma rua vibrante onde os cidadãos de Nairóbi podem desfrutar do distrito comercial central, tanto de dia quanto à noite. Um próximo passo desse projeto talvez seja fazer com que algumas ruas sejam temporariamente abertas só para pedestres, como uma maneira de promover a iniciativa junto à comunidade empresarial.
A parceria pragmática entre a comunidade empresarial local e a Prefeitura ou a entidade de governo local do distrito foi a chave do sucesso da implementação dessa iniciativa, que se revelou favorável para todas as partes. Para os atores locais, é importante dispor de “munição” (como evidência comprovada por pesquisa) para convencerem a comunidade empresarial dos benefícios (e custos) de ruas para pedestres no distrito comercial local. Regulamentos municipais e outras normas precisam favorecer as ações para criar ruas para pedestres no distrito comercial local, e, como foi o caso de Nairóbi, isso pode incluir a revisão e emendas nos regulamentos, para fazer com que mudanças sejam permitidas. A chave é ter um guerreiro político de alto nível no governo local, puxando a iniciativa e garantindo que os que tomam as decisões sejam convencidos e apoiem.