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JAPÃO:
O CONCEITO MACHIYA

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ESPAÇO – RUA – LOJA

Machiya são residências urbanas, em versões diferentes, construídas em todo o Japão. Ma significa “espaço” ou “entre”, chi significa “rua” e ya significa “loja”. Ou seja, um espaço ao longo da rua com uma loja. Geralmente, uma Machiya é uma moradia com uma loja voltada para a rua. A machiya surgiu pela primeira vez nos séculos XI e XII, quando comerciantes em Kyoto, o capital anterior do Japão, usavam mesas para mostrar as suas mercadorias na frente das suas casas. Com o tempo, a loja passou a ser construída dentro do espaço residencial, com jardins interiores trazendo luz e natureza para dentro da casa, relativamente pequena e comprida. Embora algumas casas machiya sejam protegidas como patrimônio japonês, muitas estão desaparecendo.

ELEMENTOS FLEXÍVEIS DA MACHIYA

O plinth muito sofisticado da machiya funciona como uma zona intermediária suave entre o exterior e o interior, oferecendo um sistema de elementos flexíveis, que permite ao plinth mudar de grau de abertura e de função. Morar numa machiya significa morar em uma condição de ambiguidade: você está dentro e fora ao mesmo tempo.

O plinth da machiya se adapta facilmente ao uso da loja. As paredes laterais consistem de uma treliça de madeira, chamada koshi, que pode ser removida para abrir toda parte frontal da loja, resultando em um espaço fluído que é, ao mesmo tempo, dentro e fora. Um banco na frente dessa treliça removível pode ser usado para mostrar produtos, como era antigamente, ou como um lugar para os passantes descansarem. O espaço de extensão é limitado por uma inclinação bem marcada, e elevado por um pequeno degrau e uma mudança clara de material. Está protegido por uma cobertura pequena, oferecendo sombra e a sensação de estar dentro. Já que a treliça é relativamente transparente, uma segunda camada, o shoji, pode ser fechada quando a loja está fechada, para criar uma sala privada; portas de correr feitas de madeira e papel de arroz também são facilmente removíveis, como os koshi. A machiya usa shoji diferentes, de bambu frágil nos verões quentes e de papel de arroz grosso nos invernos frios. De um lado do plinth há uma pequena entrada para a parte residencial que fica atrás da loja, muitas vezes coberta por uma noren, semelhante a um véu. No verão, a entrada fica aberta e o noren é a única proteção entre o lado interior e o lado exterior dessa entrada.

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LIÇÕES DA MACHIYA

Hoje, as machiya fazem parte dos centros urbanos antigos e as paisagens de rua estão repletas delas, criando uma área urbana bonita e viva, com torres modernas dos seus lados. O plinth, com a sua loja, são atemporais e mostram uma variação colorida de detalhes de carpintaria perfeita, uma habilidade artesanal que está desaparecendo. Hoje encontramos lojas, restaurantes, cafés, galerias e pequenos ateliês nos plinths das machiya. Bairros inteiros de machiya chamados roji, ainda existem e são usados para moradia com pequenas galerias na frente.

Quais as lições que podemos tirar da machiya histórica? O elemento mais importante, pela riqueza do plinth de machiya, é a sua fachada flexível; abrir e remover a fachada deve ser fácil. Hoje, plinths poderiam oferecer a mesma flexibilidade, permitindo um número enorme de possibilidades e liberdade para o usuário. Do mesmo modo, o uso da machiya é flexível – uma loja, um espaço para os vizinhos e uma sala de estar. Finalmente, o grau de abertura da machiya faz com que as linhas entre o dentro e o fora se misturem, criando um senso sadio de responsabilidade e comunidade. Quando os limites se tornam suaves, as pessoas cuidam dos seus ambientes e ficam conectadas.

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